O uso abusivo dos agrotóxicos no Brasil.

O que são agrotóxicos?

Os agrotóxicos, que também podem ser chamados de defensivos químicos, são produtos usados na agricultura para controle dos insetos, doenças ou erva daninha que prejudica as plantações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem mais de mil tipos de herbicidas e inseticidas no mundo todo, para evitar que as plantações não sejam prejudicadas por pragas.

Histórico dos agrotóxicos:

Os agrotóxicos foram desenvolvidos durante a Primeira Guerra Mundial, sendo utilizados como arma química na Segunda Guerra Mundial. Quando a guerra chegou ao fim os produtos passaram a ser utilizados como defensivos agrícolas. O primeiro agrotóxico foi um composto conhecido como DDT, criado por Othomar Zeidler no ano de 1874, mas somente em 1939 Paul Muller descobriu que o composto poderia ser utilizado como inseticida. Em 1948 Paul Muller ganhou o Nobel de química. O DDT começou a ser muito utilizado para combater o inseto responsável pela malária, mas após algum tempo foi descoberto que o composto é cancerígeno e se acumula no organismo. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os vencedores expandiram seus negócios a partir das indústrias, entre as que tiveram mais destaque estava a indústria química. Na Europa havia fome assolando as pessoas, com isso surgiu a “revolução verde”, que pretendia promover a agricultura, cultivando alimento para quem tinha fome. Essa revolução chegou ao Brasil na década de 60, sendo que o governo brasileiro impôs o financiamento bancário para a compra de sementes, apenas se fizessem também a compra de adubo e agrotóxico. O resultado disso é uma grande contaminação no solo e a fome de todos os famintos não teve fim.

A contaminação do meio ambiente por agrotóxicos:

O solo onde é praticada a agricultura é exposto aos agrotóxicos, sendo assim, retém uma grande quantidade de veneno, fazendo com que o solo tenha sua fertilidade reduzida, consequentemente empobrecendo seus nutrientes, diminuindo sua biodiversidade, ocasionar acidez, etc. A intoxicação no ar acontece quando o produto fica em suspensão, sendo levado pelo vento e intoxicando pessoas e outros organismos vivos que respiram o ar contaminado. Rios e lagos também entram em contato com agrotóxicos mediante lançamento intencional ou escoamento superficial a partir dos locais onde o produto é utilizado. O impacto do agrotóxico na água depende do tipo de substância utilizado. Em casos graves, pode causar a morte de várias espécies de plantas aquáticas e animais. Quando o homem ingere um peixe que vive em uma área contaminada, pode vir a sofrer a contaminação, sendo que algumas espécies sobrevivem e acumulam o agrotóxico em seu corpo, passando o produto tóxico através da cadeia alimentar. Dependendo do tipo do produto tóxico ingerido o homem pode sofrer danos graves à saúde e acabar morrendo. Danos mais comuns são: câncer (de variados tipos), problemas no sistema nervoso, lesões nos rins, redução da fecundidade, convulsões e envenenamento.

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico do mundo:

No Brasil uma única pessoa ingere 7,3 litros de agrotóxicos por ano. Em um alimento ingerimos vários tipos de agrotóxicos. Muitos agrotóxicos já foram proibidos na União Europeia e Estados Unidos, mas no Brasil continuam a ser utilizados. 30% de todos os agrotóxicos utilizados no Brasil são proibidos na União Europeia. Entre dez ingredientes ativos mais vendidos no Brasil dois são proibidos na União Europeia. Temos a segunda maior frota de aviação agrícola do mundo. Os aviões agrícolas são responsáveis por distribuir as sementes e aplicar os agrotóxicos. Alguns países tentam reverter o quadro de degradação ambiental causado pelos agrotóxicos, mas no Brasil a situação se agrava a cada ano. De acordo com pesquisas do Greenpeace, foram identificados níveis acima do permitido por lei e agrotóxicos proibidos no Brasil em alimentos como arroz, feijão, banana, tomate, laranja e café. O mais preocupante para os pesquisadores é a presença de mais de um tipo de agrotóxico, podendo levar a interação entre diferentes pesticidas e consequentemente, efeitos colaterais que não são monitorados pelas autoridades internacionais de vigilância. Um dos alimentos analisados foi o pimentão, que apresentou sete tipos diferentes de agrotóxicos, incluindo alguns que são proibidos por lei. Três em quatro amostras de mamão deram positivo para no mínimo quatro inseticidas diferentes. Estudos anteriores da Anvisa também já identificaram uso de agrotóxicos acima do permitido em frutas como abacaxi e laranja. Segundo pesquisas, a contaminação já atinge até leite materno.

Alguns tipos de agrotóxicos (defensores agrícolas):

Os agrotóxicos podem ser divididos em dois grupos: inseticidas e herbicidas. Os inseticidas são formados por 3 grupos: Organoclorados, organofosforados e carbamatos e as piretrinas. Os herbicidas mais conhecidos são clorofenoxois, paraquat e dinitrofenóis.

  • Organoclorados: São os mais danosos ao meio ambiente, pois permanecem no meio ambiente por até 30 anos. Podem ser absorvidos por via respiratória, oral e dérmica, atingindo o sistema nervoso central e periférico. São cancerígenos, por isso foram banidos de muitos países;
  • Organofosforados e carbamatos: São inseticidas muito utilizados atualmente. Esses inseticidas também entram no organismo através das vias respiratórias, oral e dérmica. Efeitos colaterais incluem alteração do funcionamento de glândulas e dos músculos do cérebro;
  • Piretrinas: São inseticidas naturais ou artificiais, que não costumam ser muito utilizados na agricultura, pois são instáveis à luz. O inseticida costuma ser mais utilizado no ambiente doméstico na forma de spray, espirais ou tabletes. Efeitos colaterais incluem surgimento de alergias, crises de asma e bronquite principalmente nas crianças;
  • Paraquat: É um herbicida que mata qualquer tipo de planta. A substância pode causar lesões no rim, concentrar-se nos pulmões causando fibrose.

Como identificar alimentos que contêm agrotóxico e como reduzir os níveis do composto?

É possível identificar e diferenciar os alimentos orgânicos dos alimentos que possuem grandes quantidades de agrotóxicos. Os alimentos orgânicos que vem com um selo de certificação ou dentro de uma embalagem específica, frutas e hortaliças da época ou da sua região são mais seguros e costumam ser livres de defensivos químicos. Uma boa dica é observar o cabinho da fruta, pois aqueles com cores mais claras contêm agrotóxicos. Quando avistar frutas com aparência perfeita, sem machas, grandes, com cor forte, já pode desconfiar também. As frutas orgânicas e maduras sempre vão ter algumas imperfeições em razão da oxidação. Todo alimento orgânico deve ser lavado antes do consumo. Lavar e higienizar com água e hipoclorito de sódio, retirar as cascas e folhas externas ajuda a reduzir bastante os resíduos dos agrotóxicos. As frutas também podem ser mergulhadas em vinagre, cloro ou água sanitária, pois isso ajuda a eliminar os resíduos dos defensivos químicos. É importante saber que os resíduos externos são reduzidos após a higienização correta, mas os resíduos que estão dentro do alimento permanecem mesmo após a limpeza.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *